segunda-feira, 23 de maio de 2011

Perdidos

Imagem retirada da web


Perdidos entre dedos cruzados,
Sorrisos rasgados,
E carinhos trocados
Caminhamos em frente
Sem nunca olhar para trás.
Rumo aquilo que podia ser tudo
E podia ser nada!
Mas mesmo assim
Caminhamos em frente
Sem nunca olhar para trás.
Perdidos entre dedos cruzados,
Sorrisos rasgados,
E carinhos trocados
Avançamos!
Avançamos lentamente na noite escura,
Avançamos para o nada,
Avançamos para o tudo.
A conversa fluía naturalmente!
As paragens ao longo do percurso eram feitas para que durasse mais
Mais alguns segundos
Nós, os dois
Perdidos entre dedos cruzados,
Sorrisos rasgados,
E carinhos trocados…

domingo, 3 de abril de 2011

Saudade. O que é a saudade?

Para muitos a saudade é uma palavra usada em vão. Uma palavra que segundo muitos só existe na língua portuguesa. Uma palavra forte, e pesada que nos remete para algo que já tivemos, já vivemos e não temos mais. Uma palavra que sem querermos vem sempre associada a uma nostalgia melancólica que na sua maioria das vezes nos derruba durante breves instantes ou infinitas horas.

Hoje sinto-me estranhamente, e dramaticamente saudosa. Sinto falta do que já tive, falta dos sítios onde já estive, falta daqueles que já tive e não tenho mais. Tenho saudades.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Menina/Mulher

Eu tenho nada mais que um metro e uns cinquenta centímetros. Eu tenho vinte e dois anos. Eu sou uma menina/mulher. Menina porque jamais deixarei de ser criança, porque jamais deixarei de sorrir, jamais deixarei de brincar, porque jamais deixarei de sonhar. Mulher porque sei quando devo parar, quando devo deixar de ser menina, quando devo deixar de brincar e sorrir, e devo tomar uma pose séria.

Não gosto de ser mulher!

Queria ser para todo o sempre menina! A garota, como ainda hoje, passados vinte e dois anos, carinhosamente o meu pai me chama. A menina que sem malícia olhava para o mundo e achava que tudo ia ser cor-de-rosa. Aquela menina, pequenina, frágil que corria livremente descalça pelas ruas meias asfaltadas, aquela menina que passava horas sentada ao sol a brincar com bonecas e panelinhas, que fazia bolos de lama enfeitados com ervas daninhas. Aquela menina, que ao sol, bebia a sabedoria dos mais velhos, das vizinhas, das tias, da bisavó.

Gosto tanto de ser menina!

Não quero ser mulher! Não quero ter que acordar e me preocupar no que vou vestir, se vou chegar a horas, se vou ter dinheiro ao fim do mês. Não quero ser aquela mulher amarga, aquela mulher em que a sociedade nos transforma. Aquela que tem de deixar para trás os sentimentos, que tem de deixar os sorrisos presos. Pois se fores a mulher que sorris és a mulher oferecida, és aquela que só conseguiu aquele emprego porque sorriu…

Não gosto de ser mulher!

Quando era menina sonhava em ser mulher, crescer, ter um emprego, filhos? porque não? Sonhava que tudo ia ser cor-de-rosa… Quando era menina sempre soube que a vida não era cor-de-rosa, mas mesmo assim sonhava que a minha podia ser.

Gosto tanto de ser menina!

Hoje sou mulher! Cresci, tenho um emprego, não o que eu quero, mas o que para já dá para ter. Filhos? Quais filhos? Hoje, filhos não fazem parte dos meus planos. Filhos daqui a muitos anos, digo eu repetidamente quando se toca nesse assunto.

Não gosto de ser mulher!

Em menina brincava aos papás e às mamãs. Tinha os meus filhos, amava-os. Tinha não um, mas vários empregos, Era tudo tão fácil.

Gosto tanto de ser menina!

Sim eu sei ser mulher é ser responsável. É ter de lutar por aquilo que queremos, por aquilo que um dia em crianças sonhámos. É ter de me preocupar com o que vou vestir, se vou chegar a horas. É ter o emprego que não quero, mas que tem de ser. É ser mãe. Quem sabe? É ter de deixar os sorrisos trancados, os sentimentos de lado. É ser-se o que por vezes não somos. É viver num mundo que nos condena a cada passo. É a sabedoria de se poder ser Menina/Mulher.

E eu… gosto muito de ser uma Menina/Mulher…

Por Sara Alves